28 outubro 2010

Mãe de menina(s)

Quem é mãe de menina sabe. Lá pelos 3 anos elas ficam perdidamente apaixonadas pelo pai (sim, Freud explica). É bem na fase em que elas também estão vivendo no mundo encantado das princesas. Tudo é rosa, glitter e babado, de preferência juntos. Nas brincadeiras de faz de conta, elas são a Fiona, o pai o Shrek, ou são a Bela Adormecida e o príncipe Felipe. Claro que as mães entram na brincadeira. Sobra pra gente o papel do burro, da bruxa ou da feiticeira. É bem verdade que, depois que carreguei nas luzes californianas do meu cabelo e fiquei quase loira, ascendi socialmente e virei a rainha (aliás, esse tema rende outro post sobre o que anda no imaginário das nossas menininhas...). Eu não sei quanto dura essa fase, talvez a vida toda. Mas, para me sentir menos enciumada, lembro que eu também sempre fui enamorada pelo meu pai. E, como acho que escolhi um pai maravilhoso para as minhas filhas, me consolo acreditando que elas estão construindo um arquétipo masculino bacana. Isso vai ser muito útil quando a adolescência chegar - aquela época em que temos o dedinho podre e adoramos ficar com uns trastes, que nos fazem sofrer e chorar rios de lágrimas – porque elas saberão procurar um cara legal pra chamar de seu.
Mas eu ainda não desisti de ter o meu menininho não, viu? Quando ele tiver uns 5 anos, vai virar pra mim e perguntar: “mamãe, quando é que você vai se separar do papai e casar comigo, hein?”. Sim, uma amiga minha ouviu isso do filho.

21 outubro 2010

Criança com sono

Quem nunca foi uma criança chata com sono que atire o primeiro travesseiro! Gente, tem coisa mais irritante e irritada do que uma criança com sono?? E desde que nascem, os bichinhos lutam para não se entregarem aos braços de Morfeu. Por quê? Uma coisa tão boa dormir... Mal sabem elas que nunca mais na vida poderão dormir na hora em que der sono, isso é dádiva de criança. Para os nenéns bem pequenos a hora é conhecida como Ave Maria. Lá pelas 6 da tarde começam a chorar, chorar e só param no peito, ou no colo. E dá-lhe balançar o neném, ninar, cantar. Vão crescendo, mas a luta continua! Você percebe que o momento drama está chegando quando a criança fica beeem agitada. Faz birra, reclama de tudo. As vezes perdemos a paciência, damos uma bronca e a criança chora. Ou a criança está no auge da maluquice e se machuca, chora. Depois daquela chorada, elas finalmente dormem. Mas é óbvio que é muito melhor não entrar na pilha da criança, nem cair nas provocações. Eu, que nunca consegui seguir aqueles manuais que pregam que a criança deve chorar até dormir, para aprender a dormir sozinha, desenvolvi alguns truques. Rotina é fundamental! Vai dando a hora da Ave Maria a criança tem que tomar um banho, colocar o pijama e jantar. Mas, vejam bem, antes da fase crítica chegar. Tudo isso já vai sinalizando que o dia está acabando. Depois é escovar os dentes e ver um pouquinho de TV, escutar uma historinha... E muito importante! Nunca diga para a criança: “fulano, você está assim porque está com sono”. É a senha pro grito: “não tô NÃO!”. Minha filha de 3 anos pode estar caindo de sono, mas diz, “mamãe, eu vou só relaxar um pouquinho”. Aqui em casa a santa rotina tem dado certo e amigos se surpreendem com o fato das minhas filhas dormirem às sete e meia, oito da noite. Eu dou graças a Deus, porque, confesso, a essa hora minha paciência já está bem curta e eu quero mais é jantar com o meu marido, tomar um vinho, babar nelas dormindo como uns anjinhos e me preparar para um novo dia de correria. Como o de toda mãe contemporânea!

13 outubro 2010

Uma criançada dá menos trabalho do que uma criança

Minha mãe sempre defendeu a tese que dá título a esse post. Antes de ter filhos eu me perguntava como seria possível que um monte de crianças desse menos trabalho do que uma só. Pois foi só me tornar mãe para começar a perceber na prática essa matemática maluca. Quando tive minha primeira filha, e olha que ela foi única só por 1 ano e 9 meses, nem sempre fazíamos programas adaptados para crianças. Muitos amigos ainda não tinham filhos e muitas vezes ela era a única enfante do pedaço. Resultado, tinha que ter sempre um adulto, ou vários, e de preferência a mãe, dando atenção e brincando com ela. Quantas vezes me vi sentada no chão, exercendo essa função enquanto os outros adultos conversavam, bebiam e comiam? Já quando encontrávamos com nossos sobrinhos, nos eventos familiares, uma mágica acontecia: passávamos longos períodos sem ver nem ouvir a garotada.
Quando nasceu minha segunda filha, constatei também que o trabalho e os gastos aumentam mas não dobram. Veja só: a casa já está adaptada para crianças, as viagens são montadas pensando em diversão para toda a família e o time de ajudantes já está operando. A nova criança chega e já entra na rotina estabelecida. E aquela velha história de que onde comem 3 comem 4 é verdadeira. Não sei até onde essa progressão funciona já que só tenho duas filhas. Mas já estou no lucro porque, agora, está acontecendo uma coisa muito legal, as meninas já conseguem brincar juntas e se entreter sem a interferência de gente grande.
Nesse feriado, mais uma vez a conta fechou direitinho. Programamos encontros com amigos que tem filhos e no domingo, por exemplo, 7 crianças de variadas idades brincavam juntas numa boa enquanto os pais botavam os assuntos em dia.

08 outubro 2010

Por um Dia das Crianças diferente

Está chegando mais um dia das crianças e um frenesi toma conta das pessoas! Desde setembro estamos sendo massacrados pelo mercado publicitário. É lançamento de brinquedo, pacote de viagem, programas os mais diversos. Quase tudo envolve dindin, muito dindin. Fui ali dar uma pesquisada na origem da data. Parece que foi criada em 1920, por um político, mas só em 5 de novembro de 1924, através de um decreto, o dia 12 de outubro foi oficializado como Dia da Criança. Tudo bem, até aí era uma homenagem aos miúdos. Mas em 1960, a fábrica de brinquedos Estrela e a Johnson & Johnson decidiram fazer uma promoção para aumentar suas vendas (ahá!), lançando a “Semana do Bebê Robusto”. O resto vocês já sabem, né? Desde então, dia das crianças virou sinônimo de consumo. Com certeza nossos pequenos vão ganhar montes de coisas, porque, mesmo se não damos, tem sempre os tios, avós e amigos para presentea-las. Sem querer me alongar em discussões filosóficas, queria propor um dia das crianças diferente. A idéia é: para cada brinquedo novo que entrar, um sai. O mesmo vale para as roupas. Dá pra fazer como se fosse uma gincana bem animada! Acho um jeito ótimo de ensinar algumas coisas às crianças:
• organizar e arrumar os brinquedos e roupas;
• separar o que ainda serve e interessa;
• consertar o que tem conserto;
• treinar o desapego desde já, doando o que não usam mais.

Vamos lá?

07 outubro 2010

A vida secreta das crianças

Ontem, foi reunião de pais na Recreio, escola da Tetê, minha filha de 3 anos. Foi muito legal, encontramos outros pais, conversamos e ainda comemos uma pizza que as crianças tinham preparado especialmente para nós. Também pudemos ver os trabalhos que elas estão desenvolvendo, muitas fotos e vídeos. E assim descobrimos que elas tem todo um mundo do qual nós, pais, não fazemos parte! E não é uma questão de não querer participar, é um limite que a própria criança impõe. Eu me organizei para levar e buscar minha filha todos os dias na escola. Entro com ela, converso com as professoras e na saída sempre pergunto o que ela fez durante a tarde, muitas vezes a resposta é: “é segredo mamãe!”. Assistindo aos vídeos vejo uma menina bem mais independente e segura. Dá pra ver que as crianças de 3 anos já argumentam, respeitam combinados, fazem alianças com outras crianças para conseguir um objetivo. Ou seja, estão exercitando seu papel na coletividade. Estão virando cidadãos! No relato das professoras novas surpresas. Teresa, que em casa, só toma suco de uva, na escola prova outros sabores. Até suco de limão a danada toma! Outros pais também se surpreenderam com seus filhos. Eram comuns comentários do tipo “mas em casa ele não faz isso sozinho”, “eu não sabia que ela já lia o nome”, etc.
Claro que a reunião acabou e eu continuei matutando sobre o assunto. Acho muito positivo que as crianças possam ter o ambiente de casa, onde tem uma atenção mais exclusiva e se percebem como indivíduos, mas ao mesmo tempo, são bem mais mimadas. E acho fundamental o ambiente da escola, onde elas aprendem a compartilhar, atuar em grupo e tem menos espaço para manhas. Por isso é tão importante estabelecer uma parceria com a escola. Não devemos delegar o que é de nossa responsabilidade, mas temos que respeitar o trabalho desenvolvido nesse outro ambiente. E assim podemos continuar nos surpreendendo com os nosso filhotes e morrendo de curiosidade sobre suas vidas secretas!

04 outubro 2010

A importância de ter um tempo só pra você

Mães amigas, está provado que nós mulheres somos polivalentes. Ou seja, temos essa capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, e na maioria das vezes, sem prejuízo de qualidade. Agora mesmo, enquanto escrevo esse post, tenho uma filha no colo e outra me perguntando com que letra começa essa ou aquela palavra. Ufa! Essa habilidade tem nos feito conquistar cargos de chefia, dar conta de jornadas triplas (trabalho, casa, filhos) e faz parte da nossa vida. Mas, ás vezes, é preciso desligar o botão da divindade onipotente, onisciente e onipresente que nos habita para apenas sermos.
Acabei de fazer isso no fim de semana e foi muito bom. Desde que me tornei mãe, há 3 anos e meio, foi a primeira vez que viajei e passei duas noites fora. Recomendo muito! Durante dois dias pude ser um indivíduo que dorme 7 horas seguidas, come comida quente e na hora em que tem fome, não precisa ter resposta para tudo, pode ler e, principalmente, luxo dos luxos, não fazer nada! Ah, e aproveitei para namorar e conversar bastante com o meu marido, sem interrupções, concluindo frases e pensamentos, redescobrindo também como é ser um casal. É claro que fiquei com saudades das meninas, pensei em alguns momentos que seria legal que elas estivessem com a gente, coisa e tal. Mas, na maior parte do tempo, consegui curtir bastante e relaxar. Elas? Ficaram muito bem, obrigada! Quando voltei, encontrei-as saudáveis e felizes. Foram mimadas pela avó e pelos tios e tias, que adoraram a oportunidade de cuidar um pouco da nova geração da família. Para mim, foi um teste e um treino bem sucedido. Perceber que damos conta de desempenhar tantos papéis, sendo que o de mãe é dominante, não exclui a importância de nos cuidarmos e de alimentarmos nossa individualidade. Acho que isso nos faz até mães melhores.

01 outubro 2010

As crianças e esse mundo muderno


Correndo o risco de parecer uma mulher das cavernas, devo confessar que ainda fico espantada com a facilidade com que as crianças de hoje mexem no computador, no ipod, nos celulares. Parece que elas já nasceram sabendo um monte de coisas, ou como diz minha irmã, já vieram equipadas com um chip. Fico me perguntando se em algum momento isso vai criar um abismo entre nossas gerações. Será que vamos falar a mesma língua? Li outro dia, no caderno de informática da Folha, que antes o que separava uma geração da outra eram 10 anos. Agora, as tecnologias mudam tão rápido que dois anos já podem significar um generation gap. Como tenho a desculpa de ser geminiana, posso ficar dividida: um lado meu acha que é isso mesmo, que é um caminho sem volta e que temos que deixar a criançada usar e abusar das parafernálias todas. O outro tem dúvidas quase existenciais, tipo minhas filhas vão saber escrever à mão? Vão ter contatos interpessoais ou só virtuais? Porque é verdade que acho uma graça ver minha filha de 1 ano e 8 meses dominar um iphone, assim como fico toda derretida vendo a de 3 e meio tirar fotos incríveis com a máquina digital. Mas, quando eles crescem um pouco mais, e passam um aniversário inteiro jogando video game em vez de brincar, como presenciei outro dia, já acho meio muito, sabe? Qual será o caminho do meio nesse mundo muderno?
A propósito, as fotos que ilustram esse post foram tiradas pela Teresa, a filha de 3 e meio supracitada.