25 outubro 2011

Presente!

Refletir, refletir, refletir... eis o que faço desde que ouvi algumas falas do Contardo Calligaris, psicanalista, ontem, no esquenta do prêmio Trip Transformadores. Ele e o neurocientista Miguel Nicolelis discutiram sobre o futuro. O que esperar dos próximos 25 anos? (A Trip está comemorando 25 anos, eis o gancho para o número).
Contardo, à respeito do futuro, quer mais é que os pais ensinem aos filhos a viverem no presente. E jogou a bomba: se a vida do seu filho acabasse hoje, você poderia afirmar que ele foi feliz em sua existência, ou você só estava preocupado com o seu futuro? Ele questionou a cobrança excessiva que os pais têm à respeito da performance dos filhos.
Na hora, me lembrei de uma reunião da qual participei para conhecer o projeto pedagógico da nova escola de Teresa e Julieta. Uma dupla de pais ficou o tempo todo perguntando como a escola preparava os alunos para o vestibular, para o mundo competitivo, etc. Detalhe, a reunião tratava do ensino de crianças de 3, 4 e 5 anos! Outra preocupação do psicanalista é o fato de os pais, cada vez mais, medicarem seus filhos com psicofármacos. Parece normal, já que os adultos tomam pílulas pra tudo (dormir, acordar, relaxar, transar, não sentir dor - física ou emocional). Mas é mesmo assustadora a quantidade de crianças que, supostamente, tem algum transtorno ou déficit. E dá-lhe remédio! Segundo Contardo, esses medicamentos não são de uso pediátrico e não foram realizados testes suficientes para prever seus efeitos em cérebros ainda em formação. Que medo!! (Também ontem, Eliane Brum tratou disso em sua coluna, vale muito a leitura)
Mas nem tudo é tragédia, mesmo com seu jeitão mais taciturno, Calligaris acha que o mundo hoje é melhor do que 25 anos atrás e espera que fique ainda melhor nos próximos 25! Como mãe de duas infantas, quero muito, muito, acreditar que ele esteja certo!

17 outubro 2011

O futuro não é mais como era antigamente

"Mamãe, isso é de antigamente?" Agora, ouço essa pergunta e variantes, muitas vezes ao dia. É que a turma da Teresa está participando de um projeto chamado "Em outros tempos", na escola.
O projeto é muito legal. Toda semana um vô ou vó dá um pulinho na classe para contar aos pequenos do que brincavam quando eram crianças. É até gozado, a pessoinha de 4 anos está totalmente encantada com os brinquedos de ontem, como bonecas de pano, 5 marias, iô-iô, pião e bolinha de gude. Também fazem muito sucesso brincadeiras de rua: passa-anel, cabra-cega, esconde-esconde, dono da rua, amarelinha, pular corda. E as brincadeiras de rua eram na rua mesmo! Não dentro da escola ou dos condomínios.
Os avós também contam que antigamente havia venda e quitanda, as casas tinham quintal e as ruas eram bem mais sossegadas. Tetê já percebeu que o mundo mudou bastante desde o tempo desses relatos. Também está super atenta a fotos P&B ("são de antigamente, né mamãe?").
Eu aproveito o gancho para frear um pouco a sede consumista das minhas filhotas. Se dá para fazer bola de meia para jogar futebol, como contou um avô, pra que comprar uma? Não é um barato poder brincar só com o próprio corpo e poucos apetrechos improvisados? As avós brincavam com bonecas de pano e usavam as coisas da casa para brincar de casinha. Certamente não tinham uma super cozinha de plástico, que tem pia que sai água de verdade. Mas quem precisa disso para se divertir??
Não é que eu esteja saudosista, mas que o mundo era mais simples, áh isso era! E não precisa ir até o "tempo dos avós", minha infância foi mais simples também. É que o mundo está acelerado e às vezes é difícil lidar com essa nova geração Z (bem essa, dos nossos filhos), os nativos digitais. Tudo rápido, mudando a todo instante, muita liberdade virtual e pouca real.
Então, quando aparece um projeto como este da escola, fico feliz com essa oportunidade que Teresa está tendo de conviver com os avós (os dela e os dos amiguinhos). Eles são como uma biblioteca, cheios de conhecimento e amor pra dar. Quem teve a sorte de conviver com os seus, sabe! Além do carinho incondicional que eles têm pelos nossos filhos, como não se sentem na obrigação de educar e dar limites, mimam à vontade!
Aproveito o post para dizer que Tetê e Cuca são muito felizardas no quesito avós. Ontem mesmo, estavam em casa com a minha mãe, que foi nos render para que pudéssemos sair, eu e Rico, para jantar romântica e sossegadamente a dois! Pra mim, quando elas estão com a minha mãe, estão com Deus, fico realmente sossegada.

04 outubro 2011

A agenda social das crianças

Durante a semana, nossa vida é aquela correria. Ficamos quase que fazendo uma contagem regressiva para chegar o final de semana, quando, supostamente, vamos poder fazer n-a-d-a. Mas toda sexta-feira, um choque de realidade se abate sobre mim quando o Rico pergunta: "qual a programação do fim de semana?". Não sei se na casa de vocês é assim, mas me parece que a "agenda" é sempre uma função feminina. Enquanto vou enumerando os aniversários e eventos, vou me dando conta de que, muito provavelmente, na segunda-feira vou é sentir que estou descansando no trabalho.
E sabe o que é que ocupa boa parte do nosso fim de semana?? A agenda social de Teresa e Julieta. Neste último, tinha sábado de atividades na escola e no domingo, dois aniversários, um de amiguinho da Cuca e outro de amiguinho da Tetê. No mesmo horário. E aí, faz como?? Bom, aproveitando que a minha caçula ainda é "enrolável", faltamos na festinha dela e fomos na pizzada do amigo da Tetê. Por enquanto dá para fazer isso. E elas ainda estudam numa escola pequena. Imagina no ano que vem, quando vão mudar para uma escola maior e cada uma vai ter mais de 20 coleguinhas na classe?? Faça as contas: quase 50 aniversários por ano!!!
Chocada com esta constatação, perguntei para uma amiga que tem 3 filhos como ela faz. Fiquei cansada só de ouvir. É um tal de leva um num aniversário, volta, pega o outro leva não sei onde, depois a vó busca o terceiro, enquanto o pai volta pra casa com o caçula e por aí vai. Gincana total!
É claro que já me pus a pensar se tem que ser assim mesmo e aí venho correndo para cá, compartilhar essas dúvidas com vocês. Nossos filhos são seres sociais, começam a desenvolver seu círculo de amizades e tal - e é uma delícia vê-los interagindo e se divertindo com os amigos. Mas, dependem de nós para irem à qualquer lugar, não tem autonomia para ir e vir. E no fim, estamos fazendo da agenda deles a nossa! Mas há de ter um limite, não? Ainda estou aprendendo, ainda me sentindo a mulher elástica, tentando dar conta de tudo. E ainda sonhando com não fazer NADA!