28 fevereiro 2011

Toy Story 3

Na noite de ontem (domingo), como era esperado, “Toy Story 3” levou o Oscar 2011 de melhor animação. Alguns críticos, entre eles meu marido, Ricardo Calil, defendiam que ele deveria ganhar o Oscar de melhor filme também. Não assisti a todos os filmes que estavam na disputa para dar minha opinião. Mas acho toda a trilogia Toy Story maravilhosa e digna de nota. Tanto é que vejo e revejo com as minhas filhas. Porque quem tem filho sabe que as crianças vêem muitas vezes cada filme, até decorar diálogos inteiros. Essa repetição é importante para o processo de aprendizagem delas. Mas imagina se não gostássemos também dos filmes? Que tortura seria se tivéssemos que assistir só Pocahontas, Branca de Neve e companhia! Santa Pixar, que veio nos salvar e fazer com que ver filmes virasse realmente um programa para toda a família (também considero obras primas "Procurando Nemo", "Monstros S/A" e "Wall-E", só para citar mais alguns filmes da produtora).
No caso de "Toy Story 3", impossível não se emocionar. Enquanto as crianças estão acompanhando a aventura dos brinquedos “velhos” sendo doados para uma creche, nós adultos estamos diante de questões profundas como passagem do tempo, obsolência e morte. Saímos da experiência cheios de reflexões e é isso que espero do bom cinema, não importa se é uma animação ou não.

12 fevereiro 2011

Ranking das porcarias

Hoje, em uma festinha de criança, encontrei Bia Abramo, uma amiga querida, e conversa vai, conversa vem, lembrei de um fato, acontecido anos atrás. Eu morava no Rio e o Rico, meu marido, falou: “olha, estão aqui a Bia, o Hélio e o filhinho deles, o Félix. Vamos encontrar pra almoçar?”. Almoçamos no Braseiro da Gávea, delícia, e eu encantada com o Félix, 1 ano, loirinho, começando a andar. Eu já estava com vontade de ser mãe, então fiquei ali, brincando com ele, tirando uma casquinha. Depois do almoço, fomos comer a sobremesa no Chez Anne, no Shopping da Gávea, conhecido pelo seu mil folhas. Eu, que sou chocólatra, pedi a torta de chocolate e, sem pensar, peguei uma colherada e botei na boca do baby Félix, que imediatamente esboçou um sorriso e a cara de quem tinha provado a oitava maravilha do mundo. A Bia vira e fala: “é a primeira vez que ele come chocolate.” Na hora, eu queria que um buraco se abrisse no chão. Como assim eu não tinha perguntado para a mãe da criança se ela comia açúcar?? Enfim, coisas que não passam pela cabeça de quem ainda não tem filhos... Hoje, lembrando dessa história (Félix, lindo, do alto de seus 7 anos), eu e Bia ríamos quando ela vira e fala: “ ah, mas tem um ranking das porcarias, né? Chocolate é bom, alimenta.” Fiquei aliviada, por ela não ter ficado puta comigo, e me diverti muito com a frase. Ela seguiu dizendo: “olha, ele come bem pra caramba, verduras, frutas, prova camarão, tudo, mas come porcaria a beça!”. Outra mãe que estava com a gente emenda: “e batata frita? Batata frita é uma porcaria liberada, né?”. Todas concordamos: “ só se não for aquela batata de carinha, que não é nem batata...”. E por aí foi. E para vocês, existe um ranking das porcarias? Dá para liberar algumas coisas para os nossos filhos, sem avacalhar muito a alimentação?

07 fevereiro 2011

Um desafio pela frente

Ontem, uma das manchetes da Folha me deixou inquieta: “Achar doméstica vira desafio na metrópole”. Não que o tema fosse desconhecido, ou uma novidade para mim. Pelo menos duas vezes por semana alguma amiga ou conhecida me pede indicação de empregada ou babá - de confiança - como já escrevi no post “A mãe e seus ajudantes”. Também citei que, no Brasil, o fato de termos empregadas que dormem em casa é herança do nosso passado escravocrata, ou seja, com o passar do tempo a tendência é mudar mesmo. A notícia dá o que pensar. Está cada dia mais difícil achar uma profissional que realmente queira ser doméstica. Virou um trabalho temporário, enquanto não acham nada melhor, que dê mais status. E que bom, não é? Se isso for reflexo de que as pessoas estão tendo mais acesso a educação e a salários e oportunidades melhores, enfim estaremos caminhando em direção a uma distribuição de renda satisfatória e a mais justiça social. E com outros empregos, talvez essas mulheres possam também ficar mais tempo com seus filhos, em vez de cuidar dos filhos das classes mais abastadas. Ok, um lado da questão parece estar evoluindo. O que não está mudando com a mesma velocidade é o fato de que nós, mães contemporâneas, ainda não temos opções que resolvam a seguinte equação: queremos ter filhos e queremos nos realizar profissionalmente. Como faremos isso sem contar com a ajuda preciosa das domésticas? Ainda não temos no nosso país uma cultura de trabalho meio período. Tão pouco temos escolas públicas de qualidade onde nossos filhos possam ficar período integral e as particulares cobram uma pequena fortuna. Que salário uma mulher teria que ganhar para fechar essa conta?
Esse é, sem dúvida, um desafio para toda a sociedade, não só para a mãe. Afinal estamos tratando da criação dos futuros cidadãos.