07 fevereiro 2011

Um desafio pela frente

Ontem, uma das manchetes da Folha me deixou inquieta: “Achar doméstica vira desafio na metrópole”. Não que o tema fosse desconhecido, ou uma novidade para mim. Pelo menos duas vezes por semana alguma amiga ou conhecida me pede indicação de empregada ou babá - de confiança - como já escrevi no post “A mãe e seus ajudantes”. Também citei que, no Brasil, o fato de termos empregadas que dormem em casa é herança do nosso passado escravocrata, ou seja, com o passar do tempo a tendência é mudar mesmo. A notícia dá o que pensar. Está cada dia mais difícil achar uma profissional que realmente queira ser doméstica. Virou um trabalho temporário, enquanto não acham nada melhor, que dê mais status. E que bom, não é? Se isso for reflexo de que as pessoas estão tendo mais acesso a educação e a salários e oportunidades melhores, enfim estaremos caminhando em direção a uma distribuição de renda satisfatória e a mais justiça social. E com outros empregos, talvez essas mulheres possam também ficar mais tempo com seus filhos, em vez de cuidar dos filhos das classes mais abastadas. Ok, um lado da questão parece estar evoluindo. O que não está mudando com a mesma velocidade é o fato de que nós, mães contemporâneas, ainda não temos opções que resolvam a seguinte equação: queremos ter filhos e queremos nos realizar profissionalmente. Como faremos isso sem contar com a ajuda preciosa das domésticas? Ainda não temos no nosso país uma cultura de trabalho meio período. Tão pouco temos escolas públicas de qualidade onde nossos filhos possam ficar período integral e as particulares cobram uma pequena fortuna. Que salário uma mulher teria que ganhar para fechar essa conta?
Esse é, sem dúvida, um desafio para toda a sociedade, não só para a mãe. Afinal estamos tratando da criação dos futuros cidadãos.

7 comentários:

  1. Nem, fala, Flor! Aliás, fala, sim.
    Já reparou na quantidade de avós da geração das nossas que a gente vê hj levando e buscando criança na escola etc? Pois é. Reflexo dos tempos. E a gente fica nessa divisão interna, achando bom que evolua a situação do emprego doméstico, mas sem saber o que fazer. Vc resumiu muito bem as nossas angústias a esse respeito...

    ResponderExcluir
  2. Ai, menina, pois é. Vamos ter que falar cada vez mais sobre esse assunto, para ver se criamos soluções satisfatórias para todos. Porque até as avós de hoje em dia não tem tanta disponibilidade para ficar com nossos filhos porque trabalham e tem vida social ativa, né?

    ResponderExcluir
  3. Vixi, tive quase o mesmo debate hoje pela manhã. Acostumamos com a cultura escravocrata e ela está acabando. Mas estamos muito longe de políticas de países mais desenvolvidos, onde se sai do trabalhos às 18h, o transporte funciona, as escolas funcionam em modelo integral, pode-se brincar tranquilamente na praça pública, há licença maternidade ou paternidade e até as empresas fazem modelos de trabalho diferenciados, afinal, ninguém tem domestica ou similar.Enfim, viver no Brasil, especificamente em São Paulo, ainda requer o "escravo"...mas haja grana...(PS - Estamos vivendo só uma melhora só econômica, espero que alguma hora isso acompanhe uma melhora intelectual / educacional)

    ResponderExcluir
  4. Não sei se esta rolando um up grade na vida das domésticas, acesso a educação existe sim, mas educação sem qualidade nenhuma, criando analfabetos funcionais.
    O assistencialismo do governo PT, criou uma acomodação geral, fiz boas propostas para faxineiras que não queriam trabalhar com carteira assinada para não perder "a Bolsa".
    Além do mais algumas delas ganham mais fazendo diárias do que trabalhando de mensalistas.
    E como vc mesmo disse, essas mães que trabalham em nossas casas não tem muitas vezes onde deixar os filhos, no nosso pais não existem creches suficientes quiçá em período integral....
    Acho que mãe é realmente padecer no paraíso (????) em qquer classe social.

    ResponderExcluir
  5. Flor, drama muito atual pra mim, muito bem retratado aqui... Sigo na luta por uma ajudante lá no Rio...

    ResponderExcluir
  6. muito boa reflexão, meninas!

    escrevemos um pouco sobre isso no blog da ciadasmães (http://www.ciadasmaes.com.br/blog/vida-de-mae/empreendedorismo-e-maternidade-ativa-blogagem-coletiva-mulher-e-mercado-de-trabalho/), participando da blogagem coletiva proposta pelo What Mommy Needs (http://www.whatmommyneeds.net/2011/01/os-dois-lados-da-moeda-blogagem.html).
    vale muito a pena ler todos os textos que resultaram dessa discussão. eles têm tudo a ver com esse post e com esse nosso desafio...
    unir forças e batalhar pra mudar o que está a nosso alcance é um ótimo primeiro passo!
    beijos,
    Helô Vianna
    editora - Cia das Mães
    http://www.ciadasmaes.com.br

    ResponderExcluir
  7. Muito legal o post. Sou mãe brasileira mas morando fora e tenho que discordar um pouquinho quanto à realidade fora do Brasil.

    Aqui nós sempre reclamamos de não ter ajuda da família por perto e no meu caso, aqui em Barcelona, trabalho das 8:30 às 18:00 e a escola pública do meu bebê começa às 9:00 e termina às 17:00. Ou seja, você acaba tendo que contratar uma pessoa para buscar teu filho e levar pra escola, uma barra. Fica super caro contratar alguém somente 3 horas ao dia.

    E a escola pública não é gratuita nao, fica somente 100 euros mais barata que a particular.

    Ou seja, um filho custa por mês (contando somente a escola e a pessoa para busca-lo) aproximadamente 969 euros ao mês. E o salário mínimo na Espanha é de 600 e poucos.

    Nao sei em outros países, mas por aqui ter filho é super complicado!!!!

    ps. adorei o blog, muito legal e já estou te seguindo :-)

    Vanessa

    www.coisasminhas.com

    ResponderExcluir