23 agosto 2012

Áh, as demandas das crianças de hoje

Gente, venho aqui para dividir uma coisa que tem me feito pensar muito ultimamente: as demandas que nós,  pais e mães dos dias de hoje, temos. Não se trata mais só de dar amor para os nossos filhos, alimentá-los, banhá-los, educá-los, ler antes que durmam. Não, hoje em dia é preciso mais, muito mais. Vejo por mim e pelos amigos próximos.
Aqui em casa, terças e quintas é dia de levar a caçula na fono. Com 2 anos e pouco a escola nos chamou e disse que os amiguinhos não entendiam o que ela falava, ela também sempre foi respiradora bucal, vive de nariz entupido. Desde então, duas vezes por semana atravessamos a cidade para que ela faça o tratamento adequado, com a profissional recomendada. Perco 3 horas entre levar, esperar e trazer de volta. Áh, a mensalidade é uma fortuna. Quartas e sextas, Tetê e Cuca fazem balé e natação. Nadar precisa, todo mundo sabe, faz bem pra saúde e também pode salvar vidas. A dança entrou no combo porque é o mesmo preço para só nadar ou nadar e dançar... E as meninas gostam, se vestem de bailarinas, rodopiam. Outra pequena fortuna pela mensalidade da academia. (Aqui, pelo menos aproveito o tempo em que elas estão lá para me exercitar também. Afinal, pai e mãe dos dias de hoje tem as suas próprias milhares de demandas...)
Sobrou a segunda, né? Que nada! A manhã da segunda é sempre ocupada pelo dentista (agora, a Tetê colocou aparelho e tem manutenção), exames, consultas, vacinas. Quando temos que marcar alguma coisa extra, é sempre na manhã da segunda, que ainda é rodízio do carro, então só a partir das 10h. Fora que todo dia tem escola, e levamos e buscamos.
Não estou aqui reclamando do tempo e do dinheiro que gastamos com todas essas coisas (tá, isso também é fogo, o trânsito de São Paulo está desumano e é altamente estressante). Até porque, por sorte, tenho um trabalho que me possibilita ser uma mãetorista e também ficar bastante com as minhas filhas. Opção que fiz e da qual não me arrependo.
Estou é pensando se toda essa atividade que as crianças fazem nos dias de hoje é mesmo necessária. Cadê o tempo de ficar sem fazer nada?? Julieta ainda tem três anos e tem compromisso 4 manhãs da semana, fora a escola. Ela, que é dorminhoca, é acordada e tem que se arrumar rápido, tomar café da manhã rápido, entrar no carro rápido e pegar no tranco, né?
Mas, quando estou a fim de tirá-las de alguma dessas atividades, logo vem a culpa. "Mas a menina precisa de fono. A outra, se não usar aparelho agora vai sofrer mais tarde. Atividade física é muito importante". E por aí vai. É difícil, pelo menos para mim, avaliar se estamos supervalorizando diagnósticos e a palavra dos especialistas. Então, se o médico, o dentista, a diretora da escola falam que é necessário tais e tais ações, lá vamos nós cumprir a agenda sem fim. E ainda fico pensando como é que fazem os pais que não tem o horário flexível como o meu...
Ai gente, esse post não vai chegar a conclusão nenhuma mesmo. Mas é um desses assuntos que não me larga e sendo assim escrevo para saber se sou só eu que estou meio encanada com tudo isso. Alguém?

12 julho 2012

A arte da mãe equilibrista, capítulo 6.2

Estamos em Recife. As meninas de férias, eu não. Oi? Ahá, a boa notícia é que conforme você vai avançando no aprendizado de ser uma mãe equilibrista este tipo de coisa, até então inimaginável, se torna possível. Mas, vejam bem, eu estou aprendendo as técnicas do equilíbrio, nada de mágica, nem de super poderes por enquanto. Para ser uma boa equilibrista é preciso contar com apoio e planejamento.
Só estamos conseguindo realizar este número porque não estamos em um hotel. As meninas tem a sorte de ter um avô que mora na Praia de Boa Viagem. Além da hospedagem com toda a infra, ele ainda tem uma casa cheia de brinquedos e objetos como piscininha, baldinho, bóia, etc, o que diminui bastante a bagagem da mãe equilibrista. Assim sobra espaço para trazer o lap top. Lembrem-se, estou trabalhando!
Também está aqui conosco a Dedi, que brinco, é meu braço esquerdo, já que sou canhota. Hoje, pela manhã, eu consegui caminhar 5 quilômetros na beira mar enquanto ela brincava com Teresa e Julieta na praia.
Para ser uma boa mãe equilibrista é preciso estar com corpo e mente em equilíbrio. Essa é outra dica que aprendemos na parte mais avançada do curso. Essa caminhada matinal tem sido ótima para planejar o resto do dia e escrever textos mentais (esse eu comecei caminhando, enquanto ouvia o disco Transa, do Caetano, que, tergiverso, cada vez que escuto me apaixono um pouco mais). Depois, encontrei com a patotinha para um mergulho, uma água de coco e voltar pra casa. Daí aquela função básica de banho, almoço, parapapapá. E de tarde, elas já sabem: mamãe está trabalhando. E tem funcionado, viu? Estou dando conta de fazer tudo o que tenho que fazer, e não é pouca coisa (esperem pelo próximo número da revista Claudia Bebê e vocês verão!).
Equilíbrio é isso aí! Minhas filhotas estão se divertindo, já pegaram uma corzinha (me desculpem amigos de São Paulo, mas aqui tá um sol danado!) e eu trabalho sem ficar me culpando por deixá-las as férias todas dentro de casa.
Mas nem tudo está perfeito, viu? Estamos com muita saudade do Pai Ricardo, que como todos sabem não é um pai de santo e sim o progenitor das meninas e meu marido querido.
PS: E a gente reclama da modernidade que nos deixa hiperconectados, mas nesse momento estou é bem agradecida! Viva o trabalho on line!

11 maio 2012

Pense num dia das mães ideal!

Eu acredito mesmo que dia das mães é todo dia e blá blá blá, porque mesmo que estejamos na China, ou numa balada sem as crianças, ou trabalhando feitos loucas, somos mães diariamente, pra vida inteira, sempre.
Se não precisamos de uma data para nos sentirmos reconhecidas, pensei em uma listinha de coisas que transformaria o próximo domingo em um Dia de Mãe Ideal:
  • Em primeiríssimo lugar, a noite que antecede a data seria dormida inteira, sem interrupções de nenhum tipo;
  • Sendo assim, acordaríamos sem olheira (essa que nos acompanha desde que o primeiro filho nasceu) e com um bom humor incrível. Claro, nossa pele também estaria ótima;
  • Poderíamos despertar com calma, lembrando de espreguiçar, e em vez das 1252 coisas que fazemos logo que levantamos, nos sentaríamos com calma, na mesa do café da manhã já posta. (Aqui, você pensa nas coisas que mais gosta de comer no desjejum. Chique.);
  • Nenhum de seus filhos estaria com tosse, ou nariz escorrendo, ou piolho. Nada, nenhuma mazela;
  • Se você ainda está casada com o pai dos seus filhos, ele lha daria um beijo na boca, daqueles de quando vocês ainda não eram pais;
  • São Pedro daria aquela força e o dia estaria lindo;
  • Você poderia escolher a programação do dia, mesmo que seja uma exposição cabeça. Áh, festinhas de crianças estão proibidas;
  • No almoço, você não teria que quebrar a cabeça para descobrir um lugar sem fila, que seja legal para crianças, com comida boa e que tenha preço razoável;
  • Claro que a sobremesa seria o doce mais gostoso do mundo e não engordaria nada;
  • Passaríamos o dia inteiro fofas, sem precisar repetir os mantras: não fale de boca cheia, não brigue com o seu irmão, peça por favor, arrume seus brinquedos. (Nossa, essa foi boa, hein? Acho que eu ia estranhar muito um dia assim...);
  • Como sempre ganhamos presentes mesmo, o pai das crianças teria o poder de ler a sua mente e lhe daria exatamente o que você quer ganhar, na cor preferida, número certo, perfeito;
  • Mas eu já adianto, troco tudo isso pela "surpresa" que vejo Cuca e Tetê tramando, aos cochichos pela casa! Ai, como eu gosto de ser mãe!

13 março 2012

Duas filhas mulheres. Ufa, nasceram no Brasil!

Outro dia, estava conversando com uma amiga querida sobre alguns livros que tratam de mulheres. Lembramos de uma ficção sobre haréns, mas baseada em fatos reias, da biografia de Ayaan Hirsi Ali (Infiel), que conta a vida da somaliana, que entre mil outras coisas, passou pela excisão do clitóris (sem anestesia), e Cisnes Selvagens, de Jung Chang, que trata de 3 gerações de mulheres chinesas, no século XX.
No meio do papo, me peguei agradecendo profundamente o fato das minhas duas filhas terem nascido no Brasil de hoje. Olha, isso ficou martelando na minha cabeça, e fiz questão de deixar passar o dia das mulheres para tocar no assunto. Porque sei que ainda temos milhares de problemas como desigualdade salarial e violência, para ficar só no básico. Mas, que alívio, e a palavra é essa, é ter tido minhas filhas em um país e em uma sociedade em que elas são bem vindas! O pai, demonstra a todo momento como se sente afortunado por ter filhas mulheres e chega a dizer que estas são melhores para o mundo. Muito diferente de países em que, se a gestação de uma menina vai adiante (sim, porque é comum em muitas culturas abortarem meninas), ao nascer ela está fadada a ser um pessoa de segunda classe. Será maltratada pelos pais, pelos irmãos, depois pelo marido. Já pensou passar a vida de burca??? E sofrer mutilações, agressões e humilhações apenas e simplesmente por ser mulher?? Eu, hein!
Mil vezes estar em um país como o nosso. E que nós mulheres, e todos os homens que amam e respeitam as mulheres, continuemos lutando pela igualdade possível que é a dos direitos. Porque no mais somos diferentes mesmo. Adoro ter filhas mulheres (e sempre pensei que ia ter meninos, vai entender...) e não vou aceitar jamais que elas sofram qualquer violência. E tenho dito!

29 fevereiro 2012

A beleza está na diversidade

Uma das coisas de que mais gosto na maternidade é o quanto aprendo com ela. É um aprendizado diário, às vezes gostoso, às vezes um pouco sofrido, mas sempre importante.
Nada me ensinou mais sobre diversidade (e respeito à ela) do que ser mãe de Teresa e Julieta. Lembro de que quando eu estava grávida da Tetê, umas das coisas que mais me deixava curiosa era saber como ela seria. Como seria a misturinha entre eu e o Rico. Como é que esses genes e personalidades tão diferentes iriam se combinar, gerando um terceiro ser. Era uma piração deliciosa e um exercício de adivinha inútil. Quando ela nasceu, com cheirinho de shiitake na cabeça (sim, o cogumelo), lembro do espanto de ver aquele rosto, totalmente desconhecido. Na hora o Rico falou "ela parece com o seu pai". (Aqui um parênteses: minha mãe sempre falou que o bebê nasce com a cara de alguém mais velho da família. Vai saber...). Logo depois do parto, Tetê chorava bem baixinho, como num lamento. E assim foi, um bebê sempre mais para o calmo, uma criança contemplativa, concentrada, muito sociável e doce. Suave.
Quando Teresa estava com 1 ano, me descobri grávida de novo, meio no susto. Logo descobrimos que viria mais uma menina. Foi inevitável passar a gravidez toda imaginando uma Tetê 2. Afinal, não era esse o resultado da mistura? Tudo caiu por terra às 5h58 do dia 18/11/2008. Quando dei à luz um serzinho vermelho, muito vermelho, que chorava à plenos pulmões, sem nenhuma discrição. Olhei seu rosto e não reconheci. Como assim ela não parece com a irmã? Pos é, elas não têm nada em comum, nem na aparência e nem na personalidade. Cuca (como chamamos Julieta) sempre foi um bebê espivitado que fez tudo cedo: andou, falou, tirou a fralda e a chupeta. Tem pressa, não para quieta. Intensa!
Mas digo para vocês que assim é que foi bom. Aprendi a tratar cada uma como um indivíduo. E daí que são duas meninas, filhas do mesmo pai e da mesma mãe, com apenas 1 ano e 9 meses de diferença de idade? Uma precisa de firmeza, a outra de suavidade. Tive que rever o conceito de justiça que eu tinha. Se eu faço para uma, tenho que fazer igual para a outra? Não necessariamente. É claro que os princípios para educá-las são os mesmos, muda o jeito, a forma. E é rico, é diverso, ensina e me faz uma pessoa mais sensível.

07 fevereiro 2012

Escola nova

Teresa e Julieta começaram ontem na escola nova. Decidimos colocá-las em uma escola perto de casa, fundamental em São Paulo, e que vai até o colegial.
No ano passado, quando decidimos pela mudança, fomos orientados a não ficar falando muito com as meninas sobre isso. Afinal, para as crianças, o tempo passa diferente. Imaginem a ansiedade esperando um evento que vai acontecer daqui a 6 meses? Aliás, o que são 6 meses para quem ainda não tem exata noção do que seja ontem e hoje?
Mas, é claro, fomos preparando a transição. Sair de uma escola pequena, que a Tetê frequentava desde 1 ano e Julieta desde os 2, para uma escola bem grande é uma mudança e tanto. Na escolinha em que estavam tudo era mais caseiro, desde o lanche até as instalações. As classes eram menores, com poucos alunos e confesso que isso me dava bastante segurança. Que mãe não quer que seu filhote seja tratado com toda a atenção e carinho? Ainda mais quando são pequenos.
Mas, aí é que está. As crianças crescem e começam a demandar novas experiências, desafios e outras formas de cuidado. Então, chegou a hora. E dá-lhe planejamento para fazer tudo da forma mais tranquila possível!
Julieta, que tem um vocabulário incrível, mas dificuldade em falar alguns vocábulos foi fazer fono. Eu ficava com o coração apertado imaginando ela tentando se comunicar na escola nova e ninguém entendendo. Mais, pensava que isso poderia atrapalhar sua adaptação, fazê-la ficar tímida e envergonhada (para quem a conhece, inimaginável!).
Com a Teresa, que é super safa e sociável, minha preocupação era outra. Ela estava há 4 anos com a mesma turminha. Uma criançada que ficou tão amiga que terminou por juntar as mães também. Uma mulherada animada, com bom papo e que adoro. Aqui, um parênteses: eu também estava sofrendo com essa mudança... Não queria que Tetê deixasse de conviver com os amigos e também queria continuar fazendo parte do grupo das mães.
Para resolver essas questões de ordem afetiva, fizemos uma grande festa de aniversário para Teresa e Julieta e convidamos todos os amiguinhos da escola e seus pais. Foi como uma despedida alegre. Tetê também quis fazer um retrato de cada colega e no verso coloquei nossos contatos.
Já no começo do ano chegou a hora das meninas conhecerem a nova escola. A visita foi ótima, elas ficaram admiradas com tanto espaço e com um guarda-roupa cheio de fantasias. Depois, só falavam nisso. Aproveitei o mês de janeiro para envolvê-las nos preparativos, compra da lancheira, escolha do lanche, etc.
Até que o grande dia chegou! Ontem, fui levá-las e começamos a adaptação. Adaptação que nada! Elas saíram correndo, queriam conhecer logo os colegas e as professoras. Ficaram super bem, Julieta só 2 horas e Tetê já o período inteiro. Hoje, faremos o mesmo esquema. Estou feliz por poder estar lá com elas. Já conheci algumas mães bem legais. Sinto firmeza no projeto pedagógico da escola e estou segura de que escolhemos bem. Claro, ainda é lua de mel. Mas tudo começou muito bem.