15 outubro 2013

O futuro da humanidade

O título parece pomposo, mas é só uma preocupação que me assola de vez em quando. Normal, né? Quem tem filho deve se importar mesmo com o futuro. De preferência, fazer alguma coisa para que ele seja bom, melhor, possível, feliz.
Desta vez o pensamento tomou conta da minha cabeça depois de passar algumas horas do último domingo em um pronto socorro infantil. Primeira constatação: acho que tem gente que acorda no fim de semana, o filho está com uma tossezinha ou o nariz escorrendo, e decide "passear no PS". Juro, vi um monte de gente ali com roupa de domingo, mulheres maquiadas. Detalhe, cheguei antes das 9h30 da matina, porque Teresa estava com uma febre de mais de 39 graus e reclamava de dor nos rins. Eu estava com o cabelo preso de qualquer jeito, cara lavada, exatamente como alguém que sai correndo de casa para ir ao hospital, né? Tive que levar a Julieta comigo porque o Rico estava viajando.
Bem, a essa hora o lugar já estava lotado de famílias inteiras. Peguei a senha 87 e o pré-atendimento ainda estava na 60... Durante a longa espera, o local foi se revelando um circo dos horrores. Nunca vi tanta gente obesa e criança mal criada em um só lugar. Bebês, que supostamente estão doentes, sendo alimentados com biscoito recheado e tomando néctar (nome bonito que deram para uma mistura de qualquer coisa, com açúcar e corante) na mamadeira... Tinha uma avó que facilitava o trabalho da netinha, abrindo o biscoito porque ela só queria o recheio. Essa senhora achava muito engraçado a menina lamber aquela porcaria.
Foi chegando a hora do almoço e o saquinho de damasco que eu tinha levado já não estava segurando a onda. A lanchonete do lugar estava lo-ta-da de gordinhos e seus papais gordões. E a dificuldade de achar alguma coisa saudável para comer?? O jeito foi ficar no bom e velho pão de queijo e torcer para sair logo do inferno. O que ainda demorou, viu? Tetê teve que fazer alguns exames e ficamos esperando os resultados.
Enquanto isso, Julieta, que estava com a corda toda, brincava e fazia novos amigos. Teresa, mais caidinha, ficou desenhando em uma mesa, cheia de giz de cera.. Pelo menos três vezes alguma criança, que não estava desenhando, chegou perto da mesa e fez aquele strike, jogando os lápis no chão. Não vi nenhuma mãe repreender o filho. Algumas sorriam amarelo, outras se agachavam e catavam a lambança da criança, mas sem envolvê-la na arrumação. E teve um pai que deu um tapa em um menino!!! Foi nesse momento que pensamentos terríveis começaram a passar pela minha cabeça, inevitável... O que será dessas crianças quando crescerem? Ninguém lhes dá limite, quando estão implorando por ele. Também não praticam a máxima "bagunçou tem que ajudar (pelo menos) a arrumar". E quando decidem fazer alguma coisa, acham que um tapa vai resolver?
Olha, sinceramente, fiquei deprê. Imaginei que daqui há alguns anos nosso país será tomado de gente gorda, que se alimentou mal a vida inteira, desde a barriga da mãe. E também de gente mal educada, sem princípios, sem diplomacia. Não posso deixar de pensar que tem alguma coisa muito errada com uma sociedade (sociedade, né? Afinal tem propaganda, interesses comerciais...) que entope seus filhos de porcaria e cria párias. Sim, porque se tem gente que sofre preconceito hoje em dia é gordo. E não estou fazendo apologia à boa forma, padrões de beleza, nada disso. Estou pensando em saúde! E também estou sonhando com pessoas que possam conviver em harmonia, que não achem normal furar fila, xingar no trânsito, passear no PS. Temos trabalho pela frente, viu?